quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

ORIENTALISMO – 2) OS COMEÇOS, MEIOS E FINS TEMPORAIS SÃO ENGANADORES

E a propósito do nascimento aparente e da morte mais aparente ainda, em meu livro Senhor do Yoga e da Mente, editado, transcrevi e adaptei a seguinte passagem, a qual, aliás, de certo modo, vem ao encontro de tudo aquilo que Nagarjuna, o grande sábio budista costuma dizer:
Aquilo que o homem chama de seu nascimento e morte corporal é só e sempre inferido. [Ou seja, o nascimento corporal só pode ser pressuposto como um fato que já passou e a morte como algo que ainda não aconteceu. Nunca porém se pressupõe, se infere o que Agora se Vive e se Sente]. Se o nascimento e a morte do corpo Aqui e Agora fossem vivenciados, não seriam nem nascimentos nem morte reconhecíveis. Seriam simples Vivências. O falso nascimento que supomos ter, se infere a partir do próprio filho, cujo corpo objetivado quase sempre se vê nascer assim; daí dizer-se que o Homem Comum também nasce desse modo. A falsa morte se infere a partir do próprio pai, que os seres quase sempre vêem desencarnar, daí inferir-se que o Homem Comum também vai morrer assim. Todavia, a Testemunha Perfeita, o Homem Verdadeiro ou Deus Vivo no Homem, não se deixa afetar por nenhuma aparência, nenhuma objetividade ou ser externo, que parece nascer e morrer. SÓ NA CONDIÇÃO DE OBJETO, O HOMEM PARECE NASCER E MORRER. Como Consciência-EU, autêntica, sensível, inteligente e atuante, nunca porém pensante-pensada, o HOMEM [Ser, Deus Vivo,’ Sunya’] não nasce nem morre.”
Nossa maneira de pensar, além de nos obrigar a aceitar a extinção definitiva das coisas e seres, feita uma fatalidade inexorável, ainda implanta a impressão-convicção de começo de tudo,de meio e fim, além do ego em todos nós nos “roubar e desvirtuar” o Ato Puro.
Se este Ato Puro, a modo de dizer, não virasse ato intencional, e se este Ato em Si pudesse se Manifestar tal e qual, a Vida acabaria se apresentando de uma maneira totalmente harmônica, livre do falso começo, do falso meio e falso fim, ou da falsa vida e falsa morte.
Mas por causa dessa impressão-convicção, intrometeram-se as insuplantáveis e falsas certezas de continuidade, separatismo, materialismo, com seu começo, meio e fim. E daqui por diante, todos os nossos esforços apenas se desdobrarão para evitar uma morte inevitável, um desencarne futuro, morte que, por causa dos bloqueios demiúrgicos entre o além e o aquém, o intelecto de alguns traduzirá como aniquilação.
Senão isso, gastaremos boa parte de nossa Vitalidade ou energia para evitar uma anulação ou extinção que finalmente não se dá. Ou ainda, tentaremos eliminar, matar aquilo ou aquele que pressupomos ser uma causa de nosso aniquilamento iminente ou futuro, pretensamente definitivos.
Por fim, não pouparemos esforços para garantir maior permanência ou continuidade a isso que chamamos corpo denso, corpo material e sempre o reconhecemos como tal.
A canalhice de nosso próprio ego, do Demiurgo e dos mentirosos “espíritos” do além (alguns, é claro, cuidado) é tamanha, que bloqueiam qualquer possibilidade de o homem daqui conseguir se comunicar com seus entes queridos desencarnados, transferidos à força para o além, para o posmorte ou outros planos. Ou se via mediunidade tal contato e comunicação acontecem, é de uma pobreza tal que praticamente só ilude e quase nada aclara e consola.
Santo Deus, e que desgastantes lutas encetamos para extinguir os supostos males (pensados) que pretensamente nos afetam!
E, no entanto, quanto mais se luta para eliminar o que julgamos mau e pernicioso (doença), mais esse hipotético inimigo se reforça. Mas e, por que?
Porque todo fim, toda extinção é uma falácia que, a caro custo, só vinga como uma situação refeita, superposta.
A vida dita orgânica e material ou a vida organizada por pretensas células e moléculas em verdade só encerra fantasmas e mais fantasmas, que o pensamento afirma e nega e que subsistirão graças ao nosso descuido, graças ao nosso mal pensar, pai de todos esses fantasmas. E subsistirão também e principalmente graças à execução do ato intencional.
Todas as manobras preventivas do homem equivalem a por a Lei da Geração Condicionada em funcionamento. Isto sendo, em pensamento, aquilo aparece, acontece, se objetiva, se sobrepõe, se para tal se executa o ato intencional. Isto não sendo pensado, aquilo não aparece, não se objetiva, não se sobrepõe.
E a propósito, haverá fantasmas piores do que os cânceres, as leucemias, a AIDS etc?
Nada começa, nada se origina em termos REAIS, e também nada termina, tudo se Manifesta como Novidade, sem começo nem fim. Mas ó Deus, quantos e quantos fantasmas se sobrepõem!
Nesse caso, portanto, todo fim, toda extinção do mal ocorre tão-somente num faz-de-conta e num nível pensante-pensado. Tanto o pretenso começo enganador de algo, quanto sua falsa extinção são regidas pela Lei da Geração Condicionada e pela da Lei da Interdependência. E essa pretensa extinção não faz desaparecer um pretenso fantasma, sempre pensado; apenas o transfere, o reformula ou o transforma em algo mais.
Daí a medicina científica, ao lidar só com enganadoras objetividades supostamente materiais e orgânicas – ai meu Deus, que DNA é esse? – mas em verdade sempre pensadas, às vezes é uma calamidade sem par.

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