terça-feira, 13 de janeiro de 2009

MAGIA E ESPIRITUALIDADE – 06) LEI DA CAUSALIDADE OU DA GERAÇÃO CONDICIONADA E TAMBÉM LEI DA INTERDEPENDÊNCIA

Vejamos agora, de modo bem sucinto, a Dodécupla Cadeia ou o Pratityasamutpada ou Lei da Geração Condicionada que Buda enunciou 600 anos antes de Cristo.
Tenho quase certeza que Cristo, o grande Mestre do Ocidente também anunciou tal Lei à sua maneira, dizendo: “Tudo o que for ligado na Terra, será ligado no Céu; tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu”. (Ver abaixo melhores explicações)
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Em trechos anteriormente reproduzidos, falamos muito sobre as Lei da Geração Condicionada e Lei da Interdependência. Nestas duas leis orientais (uma de Buda e a outra talvez de Nagarjuna, porque ninguém falou tanto da interdependência como este Mestre) se escondem os segredos de todos os engendramentos humanos.
A primeira Lei foi surpreendida e Vivenciada por Sidarta Gautama, o Buda histórico. E é também conhecida como “Pratityasamutpada” ou Lei da Causalidade ou Lei da Geração Condicionada. .
O Mestre Buda assim resumiu tal Lei: “Se isto é, aquilo aparece, se isto não é, aquilo não aparece”. Ou também “Isto sendo, aquilo é ou surge; isto não sendo, aquilo não surge”.
Mas repetindo tal Lei em termos mais modernos, em termos mais inteligíveis, temos: “Isto sendo pensado, aquilo surge, aquilo aparece, aquilo se superpõe – se para tal se executa o ato intencional ou propositado – Isto não sendo pensado, aquilo não surge, não aparece, não se superpões, e diante disso tampouco se tentará atuar de modo intencional ou proposital”.
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O ato pensado, intencional ou corrompido tem um fantástico poder consubstanciador, materializador, isto porque o ATO EM SI é Poder Absoluto, do qual o SENTIR, SABER, INTUIR E AMAR fazem parte, porque também são o Absoluto em Manifestação e são Intemporalidade, principalmente. Se Sente Agora, se Sabe Agora, se Intui Agora, Se Ama Agora e se Atua Agora.
O Absoluto em Manifestação é Intemporal e é Ato Puro Manifestando-se, juntamente com o Sentir, Saber, Intuir e Amar.
O ato intencional tem pretensões de se desdobrar no falso tempo.
Ele é apenas um pálido reflexo do Ato Puro, mas no mundo das fantasmagorias temporais reconstruídas, dos reflexos pensantes-pensados, a execução do ato intencional concretiza ou materializa fantasmas, daí o grande sucesso da ciência moderna.
A Lei da Interdependência salienta a dependência de tudo e salienta que o objeto (pensado) sem o sujeito pensante não é nada e que o sujeito pensante sem seu objeto pensado também não é nada. Os dois, tomados isoladamente, são iguais a zero, só que numa interdependência resultam num teatrinho convincente com palco, platéia e tudo.
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A Lei da Interdependência tem como enunciado o seguinte: “Sou eu (ego) que te vejo, e vendo-te (ó objeto), me vejo, e vendo-me te faço.!
Ou também Sou eu ego, que te vejo, ó objeto enganador, e vendo a ti, em verdade vejo a mim, desdobrado em dois. Isto porque o sujeito e o objeto estão interligados por um cordão umbilical invisível e primordial, que só a mentira intelectual acredita romper.
Sujeito pensante e objeto pensado são os dois extremos de uma mesma barra ou imã.
Dos dois, aquele que fala mente e engana é o pólo falante ou o pólo pensante, no caso, o notoriamente empafiado ego-pensamento.
O objeto geralmente é sempre passivo e mudo. Salvo se for um ser vivo. Mas aí o teatrinho se explica de outra maneira. Quem o explica melhor é a Lei da geração Condicionada.
Portanto: “Sou eu (ego) que te vejo, e vendo-te ou vendo a mim mesmo dividido em dois, me vejo, e vendo-me feito objeto quero te possuir, quero me apropriar de ti, mas para tal terei que atuar intencionalmente.”
A Lei da Geração condicionada tem aplicação universal, serve para tudo e explica tudo.
Inicialmente, porém, Buda a restringiu para explicar o surgimento do homem pensante e extraviado e seu mundo pensado.
Buda começa explicando tudo com sua Dodécupla Cadeia, constituída por doze engates ou nidanas e que são os seguintes:
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(Sugira-se o Inominado (Absoluto) que o pensamento não alcança, não conspurca, não refaz, não adultera nem nomeia. Aqui se dá a Geração Incondicionada inexplicável).
Mas conforme Buda ensinava, a geração condicionada reconstruída ou refeita pela ignorância-pensamento assim se desdobra; :
1) Na dependência da ignorância-desejo primordial (avidya) surgem os sanskaras ou os pensamentos estruturantes ou reconstrutivos.
2) Na dependência dos pensamentos estruturantes (sanskaras) surge o vijñana ou a consciência relativa, fragmento da consciência total (Inominado), fragmento quase ego-personificado.
3) Na dependência da consciência relativa (ou vijñana) surge ou aparece o nome-forma ou aparecem a falsa pessoa-ego pensante e o seu objeto ou mundo pensado.
4) Na dependência do nome-forme (ou sujeito e objeto) surgem a seis esferas dos sentidos (ou a esfera do enxergar pensante-pensado e o pretenso dado enxergado e sempre só pensado; a esfera do ouvir pensante-pensado e a pretensa fonte sonora sempre e só pensada, etc.).
5) Na dependência das seis esferas dos sentidos aparece o contato.
6) Na dependência do contato aparece a sensação (contaminada ou fisiológica, porque o Saber-Sentir-Intuir são do Aqui e Agora, do Inominado e livres da dodécupla cadeia) .
7) Na dependência da sensação vulgar aparece o apego, a sede (trisnã).
8) Na dependência do apego aparece a apropriação ( e também o rechaço, menos comum).
9) Na dependência da apropriação indevida aparece o Vir-a-ser ou o viver cotidiano (vida ou vir-a-ser esse que nunca foi criado por ninguém, nem pelo deus das religiões nem pelo acaso científico).
10) Na dependência do Vir-a-ser cotidiano surge a impressão-convicção de nascimento, que nenhum homem conscientiza, a não ser os pais da criança.
11) Na dependência da impressão-convicção de nascimento (ou pensamento discursivo) salta fora o seu oposto a velhice-morte.
12) Entre o falso nascimento pensado e a falsa morte pensada temos, o falso crescimento, falso amadurecimento, os desgostos, as lamentações, as doenças, o mal, a dor, o desespero e a velhice. Aqui se incluem também todos os 11 engates precedentes que vão condicionar um novo nascimento na roda sem fim do ‘Samsara’ ou do vir-a-ser…”
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A Lei da Causalidade ou da Geração Condicionada,” não somente rege a superposição de tudo aquilo que nos doze engates (ou nidanas) ficou concatenado, mas também origina e ramifica muitas outras superposições mais, que se expandem em todos os sentidos. Isso é exatamente o que a Tradição e falsas religiões vem fazendo há milhares de anos, e a ciência moderna também fez em seus quatrocentos anos de existência. E ela muito mais que qualquer tradição e religião.
O enunciado moderno do Pratityasamutpada, (repetindo-me) é o que segue: “Isto sendo em pensamento, aquilo se extrojeta e aparece, aquilo se manifesta, aquilo se objetiva, aquilo se materializa, se concretiza se para tal for executado o ato intencional ou proposital. Isto não sendo pensado, aquilo não aparece nem se concretiza, porque aqui além de não pensar, o ato não se cumpre.
Por meio de tal Lei e também por meio da Lei da Interdependência, e graças inclusive à execução do ato intencional, (ato degenerado), o homem pensante pode engendrar e concretizar tudo o que lhe aprouver, desde que não existam impedimentos anteriores. Isto é não existam incrustamentos no fundo mental do homem, ou num fundo mental coletivo ou ainda num campo de consciência sensorial específico (campo da humanidade, campo da ciência, campo da religião etc.), incrustamentos esses difíceis de suplantar.
Ou também não se cumprem quando existem engendramentos prévios mais fortes e melhor estruturados, como certos engendramentos da tradição e da ciência.
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Os encadeamentos do “pratitya”, nos quais estão incluídos o mal pensar e a execução do ato intencional equivaleriam pois a varinha mágica que tudo recria e tudo engendra, com a qual a ciência moderna tanto abusou e abusa, principalmente nos domínios do imensamente grande (astronomia) e do incrivelmente pequeno (microscopia, microbiologia, células, moléculas, átomos etc). Na microscopia e na astronomia o zé-povinho, a tradição vulgar, as religiões e a filosofia comum não conseguem penetrar nem levantar antíteses ou contrariedades. Foi por isso que a ciência venceu tanto.
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Os animais também estão inseridos na recriação do Pratityasamutpada e na Manifestações dos três “chakras” ou vórtice inferiores.
Não poucos desses animais são recriações demiúrgicas como é de se crer sejam os antigos dinossauros.
Ou senão são engendramentos recentes da mente humana, como os germes, os vírus.
Algumas forjações são até o próprio homem decaído até as últimas conseqüências (involução), ou seja, são um “homem” que virou animal, ou também já era.
A virtude dos animais é que eles não pensam tanto nem abusam do ato propositado. O pretenso instinto deles não compromete tanto quanto o mal pensar humano.
Certos animais podem sim se aperfeiçoar e evoluir para a condição humana.
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Paciencioso, amigo, sabias que a epistemologia e a psicologia científicas, sem um aprofundamento adequado e sem o mínimo de autoconhecimento, mal começam a prevalecer a partir do QUARTO, QUINTO E SEXTO ENGATES (ou nidanas) da cadeia causal?
É só depois disso que as opiniões fúteis e descabidas deles passam a prevalecer sem parar.
Como se não bastasse, essas correntes científicas, acasaladas a biologias enganadoras e a teorias médicas confusas, inverteram tudo.
Botaram a carroça diante dos bois. Transformaram a mente em cérebro e esta massa melequenta virou um ORGANON do conhecer, ou um objeto analisador e um objeto passível de ser esmiuçado e analisado como cérebro no próximo.
Os cientistas desavisados transmutaram o eterno mentiroso, o manipulador e enganador (urgo-ego-pensamento) em grande entendido, em sabe-tudo, em perceptor perfeito e em avaliador e analisador de verdades escorregadias.
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De contrapeso, ainda acrescentaram incríveis fantasias dialético-psicológicas, tipo “Id” ego (freudiano), Superego, inconsciente fisiológico, inconsciente coletivo.
Nunca se deram conta de que é o próprio pensamento o que vira loucura ou psicose.
E não é o pensamento cerebral o que fica perturbado por agressões eletro-físico-químicas, por quimismos intoxicadores ou por perturbações externas adventícias. (Ver meus livros: Nós, a Loucura e a Antipsiquiatria e Antipsiquiatria e Sexo). E para azar dos perturbados mentais, todo o mundo aceita esse psicologismo capenga e esse bioquimismo cerebral como uma evidência de conhecimento perfeito.
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A propósito ainda dessa Lei da Causalidade que rege os engendramentos psicofísicos, repetindo-me, volto a enfatizar o alerta de Cristo, o qual, por incrível que pareça, também enunciou a Lei da Geração Condicionada à sua maneira. Ou seja:

Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu!”,

Essa sugestão e alerta sábio foi vergonhosamente transformado na terrível lei da excomunhão, por meio da qual alguns cínicos, hipócritas, ignorantes e malvados de épocas passadas exerciam sua maldade, intolerância, desamor e prepotência.
E desta pretensa lei da excomunhão ou pena eclesiástica, quantos e quantos falsos religiosos usaram e abusaram!
Em verdade, quando Jesus proferiu tais palavras, de certo modo Ele também estava nós obsequiando um esboço da Lei da Geração Condicionada ou Lei da Convergência de Causas e Condições. Sim porque repetindo:

Tudo o que o homem mal pensando ligar no mundo, identificando-se com o que ligou, isso, ficará preso à sua Mente Pura (Céu), maculando-A em parte.
E de tudo o que o homem se desligar no mundo, simplificando seu pensar, entender, perceber, fazendo uma higiene mental, isso ficará desligado na Mente Pura, Primeira e Verdadeira (Céu), o que equivalerá a uma Iluminação interior.
Isso poderá corresponder exatamente à Ressurreição do Último Dia ou do fim do tempo que Jesus preconizava!.”

Os infames teólogos cristãos da Santa Madre transformaram então esses dizeres de Jesus na Lei da Excomunhão, e a partir daí começaram a excomungar a torto e a direito, ou senão a vender as ridículos indulgências a preços exorbitantes.
Por causa disso surgiu Lutero e os protestantes.
Essa pretensa Lei da Excomunhão deve ter causado a ruína e a morte de milhares senão de milhões de pessoas.
Aclarando de outro modo, a meu entender, com tais dizeres Jesus quis apenas dizer o seguinte:
“Tudo o que, mal pensando, ligares na Terra ou na objetividade ficará ligado em tua Mente ou Espírito ou no teu modo de perceber (Céu). De tudo o que te desligares na Terra, deixando de mal pensar a respeito, ficará desligado em tua Mente, em teu Espírito (Céu) e voltarás a ser simples e puro como uma criança.
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A propósito ainda de verdades transcendentes, constantes no Novo Testamento, e que os maus religiosos antigos haviam desfigurado e ocultado, Jesus ainda denunciou:
“…[Ah, amigo!], se a vossa Justiça [Reta Compreensão, Reta percepção] não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus!”
Aí de vos, Doutores da LEI, [ou teólogos e intelectuais daquele tempo] que tirastes a chave da ciência [ou da Reta Compreensão e da Inteligência] vos mesmos não entrastes [no Reino de Deus], e impedistes os que entravam!” – Ou, “Aí de vós… que fechais aos homens o Reino dos Céus, e nem vos entrais nem deixais entrar aos que estão buscando entrar!”
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Pois é amigo, mas voltando à minha exposição, é bom que se saiba, que o Mestre budista e Sábio Nagarjuna (II d.C.), alerta mais ou menos algo idêntico ao que Buda proferiu, e diz que no plano empírico, que é o domínio ardiloso do tempo, da ignorância-desejo, nada há que nasça de si mesmo – (cuidado, nascer de si mesmo é uma tese monista, platônica, a qual diz que o Espírito involui e mergulha na matéria, feito uma mônada ou centelha divina e depois evolui.
Nascer de si mesmo também é uma tese materialista, que se opõe à primeira e diz que o pensar, o entender e o conscientizar humanos são um epifenômeno que no seio da matéria bruta se levanta e aparece por puro acaso.
Ou senão também diz que o pensamento surge da pretensa organização, evolução e complicação da matéria) – nem nada há, anímico ou material que nasça a partir de um pretenso ser superior (ou a partir de um “Ele”, deus-persona, separado do homem), ou ainda tampouco algo pode nascer e existir por puro acaso, (como a ciência impõe).
Para que a persona-urgo-ego surja ou pareça existir de modo condicionado, e com ela seu mundo basta que causas e condições subjetivo-objetivas convirjam. (Isto sendo, pensando, aquilo aparece, se sobrepõe…)
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Diante de todas essas “manobras” epístemo-psicológicas, astutas e sutis, e que se desdobram e se enlaçam numa fase ainda pré-ego, convém que se chame a atenção de que uma alma-corpo ininterruptamente contínua é uma falácia, porque o pensamento, mesmo que “nos” minta ou "nos" engane, ele-urgo-ego tem que reconstruir seus próprios elementos psíquicos e psicofísicos de momento a momento.
Tal alma refeita, composta, dependente só aparecerá a partir do nono engate da cadeia causal.
E por mais que esse falso ente-ego-anímico vá-e-venha, em seu vir-a-ser (ou Samsara, Trevas Exteriores), ele não consegue anular ou até mesmo suplantar o Espírito, a Alma Absoluta ou a Verdade em Si, que já Somos.
Por outro lado, convém inclusive que se alerte que a inexistência completa da alma-corpo pensada também não é verdadeira, posto que os engendramentos pensados, embora não sejam grandes coisas em si, ou só sejam dados da memória-raciocínio-imaginação, no mundo dito material e no mais além, finalmente eles tudo representam.
E com que facilidade tais engendramentos psicofísicos escravizam o homem não avisado, e o levam a involuir, a se complicar, a reforçar a prisão do tempo, mas nunca a se aperfeiçoar e se Libertar!

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