terça-feira, 13 de janeiro de 2009

MAGIA E ESPIRITUALIDADE – 06) LEI DA CAUSALIDADE OU DA GERAÇÃO CONDICIONADA E TAMBÉM LEI DA INTERDEPENDÊNCIA

Vejamos agora, de modo bem sucinto, a Dodécupla Cadeia ou o Pratityasamutpada ou Lei da Geração Condicionada que Buda enunciou 600 anos antes de Cristo.
Tenho quase certeza que Cristo, o grande Mestre do Ocidente também anunciou tal Lei à sua maneira, dizendo: “Tudo o que for ligado na Terra, será ligado no Céu; tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu”. (Ver abaixo melhores explicações)
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Em trechos anteriormente reproduzidos, falamos muito sobre as Lei da Geração Condicionada e Lei da Interdependência. Nestas duas leis orientais (uma de Buda e a outra talvez de Nagarjuna, porque ninguém falou tanto da interdependência como este Mestre) se escondem os segredos de todos os engendramentos humanos.
A primeira Lei foi surpreendida e Vivenciada por Sidarta Gautama, o Buda histórico. E é também conhecida como “Pratityasamutpada” ou Lei da Causalidade ou Lei da Geração Condicionada. .
O Mestre Buda assim resumiu tal Lei: “Se isto é, aquilo aparece, se isto não é, aquilo não aparece”. Ou também “Isto sendo, aquilo é ou surge; isto não sendo, aquilo não surge”.
Mas repetindo tal Lei em termos mais modernos, em termos mais inteligíveis, temos: “Isto sendo pensado, aquilo surge, aquilo aparece, aquilo se superpõe – se para tal se executa o ato intencional ou propositado – Isto não sendo pensado, aquilo não surge, não aparece, não se superpões, e diante disso tampouco se tentará atuar de modo intencional ou proposital”.
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O ato pensado, intencional ou corrompido tem um fantástico poder consubstanciador, materializador, isto porque o ATO EM SI é Poder Absoluto, do qual o SENTIR, SABER, INTUIR E AMAR fazem parte, porque também são o Absoluto em Manifestação e são Intemporalidade, principalmente. Se Sente Agora, se Sabe Agora, se Intui Agora, Se Ama Agora e se Atua Agora.
O Absoluto em Manifestação é Intemporal e é Ato Puro Manifestando-se, juntamente com o Sentir, Saber, Intuir e Amar.
O ato intencional tem pretensões de se desdobrar no falso tempo.
Ele é apenas um pálido reflexo do Ato Puro, mas no mundo das fantasmagorias temporais reconstruídas, dos reflexos pensantes-pensados, a execução do ato intencional concretiza ou materializa fantasmas, daí o grande sucesso da ciência moderna.
A Lei da Interdependência salienta a dependência de tudo e salienta que o objeto (pensado) sem o sujeito pensante não é nada e que o sujeito pensante sem seu objeto pensado também não é nada. Os dois, tomados isoladamente, são iguais a zero, só que numa interdependência resultam num teatrinho convincente com palco, platéia e tudo.
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A Lei da Interdependência tem como enunciado o seguinte: “Sou eu (ego) que te vejo, e vendo-te (ó objeto), me vejo, e vendo-me te faço.!
Ou também Sou eu ego, que te vejo, ó objeto enganador, e vendo a ti, em verdade vejo a mim, desdobrado em dois. Isto porque o sujeito e o objeto estão interligados por um cordão umbilical invisível e primordial, que só a mentira intelectual acredita romper.
Sujeito pensante e objeto pensado são os dois extremos de uma mesma barra ou imã.
Dos dois, aquele que fala mente e engana é o pólo falante ou o pólo pensante, no caso, o notoriamente empafiado ego-pensamento.
O objeto geralmente é sempre passivo e mudo. Salvo se for um ser vivo. Mas aí o teatrinho se explica de outra maneira. Quem o explica melhor é a Lei da geração Condicionada.
Portanto: “Sou eu (ego) que te vejo, e vendo-te ou vendo a mim mesmo dividido em dois, me vejo, e vendo-me feito objeto quero te possuir, quero me apropriar de ti, mas para tal terei que atuar intencionalmente.”
A Lei da Geração condicionada tem aplicação universal, serve para tudo e explica tudo.
Inicialmente, porém, Buda a restringiu para explicar o surgimento do homem pensante e extraviado e seu mundo pensado.
Buda começa explicando tudo com sua Dodécupla Cadeia, constituída por doze engates ou nidanas e que são os seguintes:
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(Sugira-se o Inominado (Absoluto) que o pensamento não alcança, não conspurca, não refaz, não adultera nem nomeia. Aqui se dá a Geração Incondicionada inexplicável).
Mas conforme Buda ensinava, a geração condicionada reconstruída ou refeita pela ignorância-pensamento assim se desdobra; :
1) Na dependência da ignorância-desejo primordial (avidya) surgem os sanskaras ou os pensamentos estruturantes ou reconstrutivos.
2) Na dependência dos pensamentos estruturantes (sanskaras) surge o vijñana ou a consciência relativa, fragmento da consciência total (Inominado), fragmento quase ego-personificado.
3) Na dependência da consciência relativa (ou vijñana) surge ou aparece o nome-forma ou aparecem a falsa pessoa-ego pensante e o seu objeto ou mundo pensado.
4) Na dependência do nome-forme (ou sujeito e objeto) surgem a seis esferas dos sentidos (ou a esfera do enxergar pensante-pensado e o pretenso dado enxergado e sempre só pensado; a esfera do ouvir pensante-pensado e a pretensa fonte sonora sempre e só pensada, etc.).
5) Na dependência das seis esferas dos sentidos aparece o contato.
6) Na dependência do contato aparece a sensação (contaminada ou fisiológica, porque o Saber-Sentir-Intuir são do Aqui e Agora, do Inominado e livres da dodécupla cadeia) .
7) Na dependência da sensação vulgar aparece o apego, a sede (trisnã).
8) Na dependência do apego aparece a apropriação ( e também o rechaço, menos comum).
9) Na dependência da apropriação indevida aparece o Vir-a-ser ou o viver cotidiano (vida ou vir-a-ser esse que nunca foi criado por ninguém, nem pelo deus das religiões nem pelo acaso científico).
10) Na dependência do Vir-a-ser cotidiano surge a impressão-convicção de nascimento, que nenhum homem conscientiza, a não ser os pais da criança.
11) Na dependência da impressão-convicção de nascimento (ou pensamento discursivo) salta fora o seu oposto a velhice-morte.
12) Entre o falso nascimento pensado e a falsa morte pensada temos, o falso crescimento, falso amadurecimento, os desgostos, as lamentações, as doenças, o mal, a dor, o desespero e a velhice. Aqui se incluem também todos os 11 engates precedentes que vão condicionar um novo nascimento na roda sem fim do ‘Samsara’ ou do vir-a-ser…”
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A Lei da Causalidade ou da Geração Condicionada,” não somente rege a superposição de tudo aquilo que nos doze engates (ou nidanas) ficou concatenado, mas também origina e ramifica muitas outras superposições mais, que se expandem em todos os sentidos. Isso é exatamente o que a Tradição e falsas religiões vem fazendo há milhares de anos, e a ciência moderna também fez em seus quatrocentos anos de existência. E ela muito mais que qualquer tradição e religião.
O enunciado moderno do Pratityasamutpada, (repetindo-me) é o que segue: “Isto sendo em pensamento, aquilo se extrojeta e aparece, aquilo se manifesta, aquilo se objetiva, aquilo se materializa, se concretiza se para tal for executado o ato intencional ou proposital. Isto não sendo pensado, aquilo não aparece nem se concretiza, porque aqui além de não pensar, o ato não se cumpre.
Por meio de tal Lei e também por meio da Lei da Interdependência, e graças inclusive à execução do ato intencional, (ato degenerado), o homem pensante pode engendrar e concretizar tudo o que lhe aprouver, desde que não existam impedimentos anteriores. Isto é não existam incrustamentos no fundo mental do homem, ou num fundo mental coletivo ou ainda num campo de consciência sensorial específico (campo da humanidade, campo da ciência, campo da religião etc.), incrustamentos esses difíceis de suplantar.
Ou também não se cumprem quando existem engendramentos prévios mais fortes e melhor estruturados, como certos engendramentos da tradição e da ciência.
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Os encadeamentos do “pratitya”, nos quais estão incluídos o mal pensar e a execução do ato intencional equivaleriam pois a varinha mágica que tudo recria e tudo engendra, com a qual a ciência moderna tanto abusou e abusa, principalmente nos domínios do imensamente grande (astronomia) e do incrivelmente pequeno (microscopia, microbiologia, células, moléculas, átomos etc). Na microscopia e na astronomia o zé-povinho, a tradição vulgar, as religiões e a filosofia comum não conseguem penetrar nem levantar antíteses ou contrariedades. Foi por isso que a ciência venceu tanto.
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Os animais também estão inseridos na recriação do Pratityasamutpada e na Manifestações dos três “chakras” ou vórtice inferiores.
Não poucos desses animais são recriações demiúrgicas como é de se crer sejam os antigos dinossauros.
Ou senão são engendramentos recentes da mente humana, como os germes, os vírus.
Algumas forjações são até o próprio homem decaído até as últimas conseqüências (involução), ou seja, são um “homem” que virou animal, ou também já era.
A virtude dos animais é que eles não pensam tanto nem abusam do ato propositado. O pretenso instinto deles não compromete tanto quanto o mal pensar humano.
Certos animais podem sim se aperfeiçoar e evoluir para a condição humana.
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Paciencioso, amigo, sabias que a epistemologia e a psicologia científicas, sem um aprofundamento adequado e sem o mínimo de autoconhecimento, mal começam a prevalecer a partir do QUARTO, QUINTO E SEXTO ENGATES (ou nidanas) da cadeia causal?
É só depois disso que as opiniões fúteis e descabidas deles passam a prevalecer sem parar.
Como se não bastasse, essas correntes científicas, acasaladas a biologias enganadoras e a teorias médicas confusas, inverteram tudo.
Botaram a carroça diante dos bois. Transformaram a mente em cérebro e esta massa melequenta virou um ORGANON do conhecer, ou um objeto analisador e um objeto passível de ser esmiuçado e analisado como cérebro no próximo.
Os cientistas desavisados transmutaram o eterno mentiroso, o manipulador e enganador (urgo-ego-pensamento) em grande entendido, em sabe-tudo, em perceptor perfeito e em avaliador e analisador de verdades escorregadias.
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De contrapeso, ainda acrescentaram incríveis fantasias dialético-psicológicas, tipo “Id” ego (freudiano), Superego, inconsciente fisiológico, inconsciente coletivo.
Nunca se deram conta de que é o próprio pensamento o que vira loucura ou psicose.
E não é o pensamento cerebral o que fica perturbado por agressões eletro-físico-químicas, por quimismos intoxicadores ou por perturbações externas adventícias. (Ver meus livros: Nós, a Loucura e a Antipsiquiatria e Antipsiquiatria e Sexo). E para azar dos perturbados mentais, todo o mundo aceita esse psicologismo capenga e esse bioquimismo cerebral como uma evidência de conhecimento perfeito.
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A propósito ainda dessa Lei da Causalidade que rege os engendramentos psicofísicos, repetindo-me, volto a enfatizar o alerta de Cristo, o qual, por incrível que pareça, também enunciou a Lei da Geração Condicionada à sua maneira. Ou seja:

Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu!”,

Essa sugestão e alerta sábio foi vergonhosamente transformado na terrível lei da excomunhão, por meio da qual alguns cínicos, hipócritas, ignorantes e malvados de épocas passadas exerciam sua maldade, intolerância, desamor e prepotência.
E desta pretensa lei da excomunhão ou pena eclesiástica, quantos e quantos falsos religiosos usaram e abusaram!
Em verdade, quando Jesus proferiu tais palavras, de certo modo Ele também estava nós obsequiando um esboço da Lei da Geração Condicionada ou Lei da Convergência de Causas e Condições. Sim porque repetindo:

Tudo o que o homem mal pensando ligar no mundo, identificando-se com o que ligou, isso, ficará preso à sua Mente Pura (Céu), maculando-A em parte.
E de tudo o que o homem se desligar no mundo, simplificando seu pensar, entender, perceber, fazendo uma higiene mental, isso ficará desligado na Mente Pura, Primeira e Verdadeira (Céu), o que equivalerá a uma Iluminação interior.
Isso poderá corresponder exatamente à Ressurreição do Último Dia ou do fim do tempo que Jesus preconizava!.”

Os infames teólogos cristãos da Santa Madre transformaram então esses dizeres de Jesus na Lei da Excomunhão, e a partir daí começaram a excomungar a torto e a direito, ou senão a vender as ridículos indulgências a preços exorbitantes.
Por causa disso surgiu Lutero e os protestantes.
Essa pretensa Lei da Excomunhão deve ter causado a ruína e a morte de milhares senão de milhões de pessoas.
Aclarando de outro modo, a meu entender, com tais dizeres Jesus quis apenas dizer o seguinte:
“Tudo o que, mal pensando, ligares na Terra ou na objetividade ficará ligado em tua Mente ou Espírito ou no teu modo de perceber (Céu). De tudo o que te desligares na Terra, deixando de mal pensar a respeito, ficará desligado em tua Mente, em teu Espírito (Céu) e voltarás a ser simples e puro como uma criança.
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A propósito ainda de verdades transcendentes, constantes no Novo Testamento, e que os maus religiosos antigos haviam desfigurado e ocultado, Jesus ainda denunciou:
“…[Ah, amigo!], se a vossa Justiça [Reta Compreensão, Reta percepção] não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus!”
Aí de vos, Doutores da LEI, [ou teólogos e intelectuais daquele tempo] que tirastes a chave da ciência [ou da Reta Compreensão e da Inteligência] vos mesmos não entrastes [no Reino de Deus], e impedistes os que entravam!” – Ou, “Aí de vós… que fechais aos homens o Reino dos Céus, e nem vos entrais nem deixais entrar aos que estão buscando entrar!”
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Pois é amigo, mas voltando à minha exposição, é bom que se saiba, que o Mestre budista e Sábio Nagarjuna (II d.C.), alerta mais ou menos algo idêntico ao que Buda proferiu, e diz que no plano empírico, que é o domínio ardiloso do tempo, da ignorância-desejo, nada há que nasça de si mesmo – (cuidado, nascer de si mesmo é uma tese monista, platônica, a qual diz que o Espírito involui e mergulha na matéria, feito uma mônada ou centelha divina e depois evolui.
Nascer de si mesmo também é uma tese materialista, que se opõe à primeira e diz que o pensar, o entender e o conscientizar humanos são um epifenômeno que no seio da matéria bruta se levanta e aparece por puro acaso.
Ou senão também diz que o pensamento surge da pretensa organização, evolução e complicação da matéria) – nem nada há, anímico ou material que nasça a partir de um pretenso ser superior (ou a partir de um “Ele”, deus-persona, separado do homem), ou ainda tampouco algo pode nascer e existir por puro acaso, (como a ciência impõe).
Para que a persona-urgo-ego surja ou pareça existir de modo condicionado, e com ela seu mundo basta que causas e condições subjetivo-objetivas convirjam. (Isto sendo, pensando, aquilo aparece, se sobrepõe…)
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Diante de todas essas “manobras” epístemo-psicológicas, astutas e sutis, e que se desdobram e se enlaçam numa fase ainda pré-ego, convém que se chame a atenção de que uma alma-corpo ininterruptamente contínua é uma falácia, porque o pensamento, mesmo que “nos” minta ou "nos" engane, ele-urgo-ego tem que reconstruir seus próprios elementos psíquicos e psicofísicos de momento a momento.
Tal alma refeita, composta, dependente só aparecerá a partir do nono engate da cadeia causal.
E por mais que esse falso ente-ego-anímico vá-e-venha, em seu vir-a-ser (ou Samsara, Trevas Exteriores), ele não consegue anular ou até mesmo suplantar o Espírito, a Alma Absoluta ou a Verdade em Si, que já Somos.
Por outro lado, convém inclusive que se alerte que a inexistência completa da alma-corpo pensada também não é verdadeira, posto que os engendramentos pensados, embora não sejam grandes coisas em si, ou só sejam dados da memória-raciocínio-imaginação, no mundo dito material e no mais além, finalmente eles tudo representam.
E com que facilidade tais engendramentos psicofísicos escravizam o homem não avisado, e o levam a involuir, a se complicar, a reforçar a prisão do tempo, mas nunca a se aperfeiçoar e se Libertar!

Magia e Espiritualismo – 05) A Arte de Respirar e a Morte

Diz o grande poeta indiano Kabir em seu livro "Cem Poemas"
Todas as coisas são criadas pelo “OM” [ou pelo Verbo, pelo Som Primordial].
O Amor Manifesto é a forma de seu corpo.
No “OM”
[Verbo, Som-Sentir] não há nem formas reconhecíveis, nem qualidades, nem decadência, nem morte. [Portanto, livre de intenções], busca unir-te a ‘ELE-EU’, o SER!
Esse Deus sem formas, diante
[do enxergar vulgar ou diante] dos olhos das criaturas, contudo, assume milhares de formas. [Mas quem refaz essas inumeráveis formas é exatamente esse ver contaminado ou esse ego-pensamento enganador].
‘EU-ELE’ é puro e indestrutível.
É impenetrável e tem a forma do Infinito.
Se em êxtase, ‘ELE-EU’ dança, as formas ondulantes e vitais surgem graças à sua dança.
O Corpo ou o Espírito não conseguem se conter quando tocados por sua graça infinita.
‘EU-ELE’ se esconde em todo conceito
-[pensamento enganador], em todos os gozos
efêmeros
[ou mal sentir] e em todos os pesares.
EU-ELE’ não tem princípio nem fim, mas feito Consciência-Existência-Felicidade, ‘EU-ELE’ tudo encerra.
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O Grande Mestre e Sábio Buda disse um dia:
“…Existe, ó irmãos, o REAL ou o Não-Nascido, o que Não-Vem-a-Ser, o Não-Feito, o Não-Composto… Irmãos, se não existisse o Não-Nascido, se não existisse o que Sendo Não-Vem-a-Ser, o Não-Composto, o Não-Feito, não se perceberia neste mundo [pensado] uma saída, um escape para aquele homem que diz ter nascido, para o que acha que vem-a-ser [em pensamento], para o feito [de modo proposital], para o que é composto… E visto que existe, ó irmãos, o Não-Nascido, que existe O que Não-Vem-a-Ser, [ou O QUE nem começa nem acaba], que existe O Não-Feito, O Não-Composto, por esse mesmo motivo, constata-se uma SAÍDA, um ESCAPE para o [Homem] que diz ter nascido, para o que vem-a-ser [em pensamento], para o feito [de modo intencional], para o composto…”
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Vejamos agora um grupo de aforismos de um conjunto de livros sapienciais, chamado Upanishads, escritos por sábios indianos anônimos, 2500 ou mais anos atrás.
01) - “O homem sacrifica seu alento na palavra e sua palavra no alento.
Quando uma pessoa fala, não respira e quando respira não pode falar.
Tais são as duas oblações ou oferendas imortais e sem fim, [e que o “Divya” ou o Homem-Deus Primordial ou ainda um “Isto-Sentir” pratica a favor do ego].
Quer estejamos dormindo, quer estejamos acordados, sacrificamos [a Verdade-SER] continuamente e sem interrupção.”

02) “Aquilo que dizemos conhecer, isso nos tornamos!”

03) “Pelo sopro todo os seres estão unidos e no sopro todos os seres convergem… É por causa do sopro [que o chakra gástrico ou manipura se manifesta e que] o Sol se levanta, e é no sopro que ele se deita. Graças ao sopro [respiração] os deuses [do quarto chakra ou cardíaco] elaboraram a estrutura viva. Assim é hoje, assim será amanhã. O sopro esta fora, o sopro esta dentro. É preciso inspirar e expirar harmoniosamente, a fim de evitar que se atraia o mal, a dor e a morte reiterada para nos mesmos.”

04) “A essência de tudo é “OM” [Absoluto], ou seja, a sílaba sagrada que também é o sopro-verbo, verbo-sopro. De “OM” provém o canto ou o som vital, do som provém o hino sagrado e adequado (do religioso), do hino sagrado provém a palavra significativa. O Homem é a essência da palavra, a essência do Homem são as plantas. a essência das plantas é a terra, a essência da terra são as águas e as águas da Vida são a essência de todos os seres conhecidos.”
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O Grande Sábio e
Mestre Buda volta a dizer:
“Tudo o que exteriorizamos [e que acabamos reconhecendo] é o resultado do que pensamos. Tem por essência o pensamento, é feito de pensamento [ou também resulta em forma e nome]. Se qualquer pessoa falar e agir com pensamentos corrompidos, então a dor, seguí-la-á como a roda segue as patas do animal atrelado.”
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Outra estância antiga do Upanishads também declara:
“É preciso simplificar e purificar com zelo este pensamento que suscita a ronda existencial [ou o Samsara ou também os nascimentos e as mortes reiteradas]. Na condição de Espírito [‘Divya’ ou ‘EU SOU’ em Renovação] nada podemos dizer nem conhecer sobre nós mesmos. Na condição de entes pensantes, tudo o que pensamos, isso nos tornamos, desde que para tal atuemos em conseqüência. Esse e o eterno mistério!”…
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E mais, outro escritor e Sábio anônimo dos Upanishads em seu tempo declarou:
“Aquele que estando aparentemente imóvel, e se concentra e medita em silêncio, e que além disso é lúcido e está atento, controlando a respiração, esse é um Sábio que busca romper os limites que seu ser pensante [ego] impõe. Esse procura também acabar com a restrição de suas funções, das quais o sopro ou a respiração é a função primordial, pois comanda as outras. Por meio dessa meditação lúcida e atenta, procura despolarizar suas energias vitais, acabando com a dualidade superposta, [acabando com a falsa pessoa-ego pensante e com o mundo pensado], a fim de entrar de modo uníssono e sincrônico no domínio da Vida Una, [representada pelo Sexto e Sétimo Chakras em atividade].”
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E propósito do que acabei de transcrever, digamos, amigo, que um Sábio Iluminado faleça. Isso o próprio Sábio chamará de passamento, de transferência ou de Mergulho no Absoluto.
Ora, o Divya Manifesto (ou Iluminado) sempre Vivencia a falsa morte do homem ou transferência.
E se o Divya Vivencia Isso, Eu-Ele não morre.
O que morre aí não será o corpo objetivado do Sábio, mas será o corpo que os outros pensam e projetam a respeito do Mestre, ou aquilo que eles enxergam e reconhecem feito corpo do Sábio.
Esse pretenso corpo é Algo deles mesmos, mas parece também estar relacionado com a presença do Sábio vivo ou já transferido.
Em verdade todos temos ou somos dois corpos: o que enxergamos e reconhecemos, ou seja nós mesmos densificados, e aquilo que os outros enxergam de nós e reconhecem.
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Geralmente o que morre é o corpo que os outros fazem de nós.
O nosso próprio corpo também morre ou se transfere.
O enterro dos outros acaba com aquela parte que eles mesmos pensaram de nós.
E acaba também com aquela parte de nós mesmos ou pretenso corpo material, daí a morte ser aparentemente imbatível e insuperável.
Os homens mal pensantes a tornam imbatível e insuperável.
Todavia, o corpo denso (físico) de um Sábio, quando este se Ilumina transmuta-se em corpo da Imortalidade ou em corpo de Vãjra.
Em termos objetivos, então, um Sábio-Espírito ou Vãjra, estando vivo, já não mais poderia persistir diante de nós ou continuar presente. Deveria sumir da nossa vida cotidiana como some da tumba, e isso, aliás, aconteceu com Jesus.
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Todavia, o que parece permanecer presente no nosso meio é o Amor do próprio Sábio que se corporifica e se sustenta com outra forma efêmera. Este Amor corporificado se funde com o corpo presumivelmente permanente que os outros forjam em relação ao Sábio.
Sim, em última instância, meu corpo denso ou pretensamente material é fruto do que eu mesmo penso [de modo enganador] e é fruto daquilo que os demais pensam de mim, ao me enxergarem, ao me reconhecerem e ao se relacionarem comigo.
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Pois bem, amigo, de que maneira essa falsa morte e parada respiratória do suposto corpo do Sábio se apresentará para alguém que não raciocina tanto nem costuma respirar tão mal?
E como ela se apresenta para um terceiro observador que só raciocina e reconhece?
Como essa ocorrência ficará representada em sua mente?
Ora, para quem não pensa tanto nem tão mal, o passamento do Sábio talvez só represente o cessar da respiração, da fala.
Quem sabe, equivalerá à suspensão das palpitações essenciais, a uma imobilidade aparente, a um silêncio.
Para esse homem cauteloso, tudo isso equivalerá sim a um desafio, mas principalmente a um profundo sentimento de perda.
Para o outro observador torpe e que exagera com seu mal pensar, essa ocorrência corresponderá a uma desagradável imobilização de um corpo, que há pouco se movia. Equivalerá a um começo de destruição da forma corporal, a uma decomposição iminente, a um mau cheiro, a um aspecto feio e repugnante, a um medo de se contaminar, de adoecer, a um pavor de morrer também, a uma tentativa de prender o fôlego, a uma necessidade de fugir. Em suma, para ele, tudo isso traduzir-se-á como repulsa do corpo falecido como um horror à morte.
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Esse segundo indivíduo, além de não mais reconhecer a Respiração Vital do Sábio, começará a respirar com dificuldade ou de modo truncado, além de ter que aguentar um mau cheiro ou odor que o corpo do Sábio aparentemente em decomposição exala, e que naquele momento o incomoda.
Em verdade esse corpo em decomposição é extrojetado por esse mesmo indivíduo medroso e mal pensante. Por isso, tal terceiro indivíduo terá que se afastar desse mesmo corpo-objeto, só e sempre reconhecível e terá que enterrá-lo, forçosamente.
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Todavia, o verdadeiro veículo do Sábio ou o Corpo Real, Agora transmutado em Corpo de Vãjra, em Corpo da Imortalidade escapará da constatação e percepção viciada desse homem vulgar e mal pensante, com seu pavor da morte e com sua respiração truncada.
Em verdade o corpo aparentemente morto do Sábio, deveria até mesmo desaparecer, sumir, e não sobrar nada na tumba. E de fato desaparece, quando nada sobra do corpo que os outros nos fazem.
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Com a Iluminação, com a Auto-Realização todos os corpos do indivíduo, como o denso, o sutil, e o causal, e que constituíam tal Sábio, transmutam-se no corpo de Vãjra, no Corpo da Imortalidade ou no próprio Filho do Homem.
E se alguma coisa objetiva parece sobrar daquilo que um dia (tempo) foi um Sábio na Terra, isso sempre corresponderá àquilo que os seus discípulos, simpatizantes, seguidores e até mesmo inimigos extrojetam.
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E para encerrar a temática a respeito do “sopro”, da respiração, há um livro importantíssimo que os discípulos de B.S. Rajneesh escreveram e que se intitula O Livro dos Segredos, e que em certo trecho diz, de modo aproximado. Obviamente eu o remanejei.
“A respiração é um fluir constante; nenhuma pausa é possível.
Se por um simples momento alguém se esquece de respirar, já não pode mais viver.
Todavia, EU SOU em todos nós não é solicitado para respirar, porque se fosse, tudo ficaria mais difícil.
Esse ALGO ESPECIAL não pode parar de respirar por um momento porque depois nada poderia ser feito.
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Desse modo, então, EU SOU em nós não está mantendo essa respiração dita mecânica, porque nesse atuar mecânico do respirar, EU SOU não interfere e Ele-EU é desnecessário.
O corpo dorme profundamente e a respiração continua; o corpo está inconsciente e a respiração continua; o corpo está em coma profundo e a respiração continua.
Em nenhum momento EU SOU aí é solicitado.
A respiração é algo que continua a despeito do enganador ficar-cônscio egocêntrico, e a despeito da Consciência-SER ou EU SOU…
…Entrementes, amigo, o ego em ti não pode continuar vivendo se não respira.
Por isso, a respiração e a vida, nesse caso, são praticamente sinônimos.
A respiração é o mecanismo da vida, a vida está profundamente relacionada com a respiração.
É por isso que na Índia a vida e a respiração são chamadas de prana [ou de shakti].
Nós utilizamos uma única palavra para a vida e para a respiração, [ou seja, a palavra shakti, que é o mesmo prana transformado em Kundalini], e prana significa vitalidade, vida. E o que tu chamas tua vida, ó amigo, é só respiração
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E mais, a tua respiração é a ponte entre ti [ego, se estás dormindo; e EU SOU, se Desperto estás] e teu corpo. A respiração te liga a teu corpo, te relaciona com teu corpo. A respiração não é somente uma ponte que te une ao corpo. É também uma ponte entre a tua falsa personalidade [ego], e o verdadeiro [EU SOU], e o universo. O corpo, em última instância, e apenas o universo que veio a ti [ego], que está mais perto de ti [ego].
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O que chamas teu corpo é outra faceta do próprio universo, num nível menor. [‘Tanto embaixo como em cima, tanto em cima como embaixo ‘]. Tudo o que o corpo manifesta também está manifesto no universo, sim tudo, cada partícula, cada célula. Teu corpo é o contato mais próximo com o universo. Teu corpo é a abordagem mais eficaz e mais próxima que se possa ter do universo.
A respiração é a ponte. Se a ponte-respiração for quebrada, não estarás mais no corpo, não estarás mais no universo reconhecível,
O ego em ti se moverá para alguma dimensão desconhecida. Para um astral.
EU SOU em ti, contudo, poderá inclusive não mais situar-se no espaço e no tempo que o pensamento-respiração determinam.”
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“…Se a lucidez e a inteligência em ti puderem fazer alguma coisa com essa respiração mecânica, o ego se sumirá e, subitamente, o SER em ti voltará a prevalecer feito o AGORA do EU SOU.
Se puderes fazer alguma coisa para modificar essa espécie de respiração, [sem que te proponhas, para tal intenciones, maquines com a cabeça], poderás transcender tempo e espaço. Se algo puder ser feito com a respiração, o Homem situar-se-á tanto no mundo e como inclusive além dele.
“A respiração tem dois pontos: – um, é onde ela toca o corpo e o universo, e o outro é onde ela toca o ego em ti e toca também AQUELE [EU SOU] que transcende o Universo.
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Nós, na condição de egos, só conhecemos uma parte da respiração.
Quando ela se move para o corpo, para o universo, nós, grosso modo, acreditamos conhecê-la. Mas a respiração está sempre se movendo do corpo para o ‘não-corpo’ [ou ESPÍRITO] e do ‘não-corpo’ [ESPÍRITO] para o corpo.
O ego em nós não pode e não consegue conhecer o outro ponto da respiração.
Se a lucidez e a inteligência em ti se transformarem em Consciência desse outro ponto, desse outro lado da ponte, desse outro pólo da ponte, subitamente te transformarás e te transportarás para uma dimensão diferente…”
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“[O enfoque que o Tantra tem da respiração difere sobremaneira do enfoque do Yoga]…
O yoga tenta sistematizar a respiração. Claro que, se sistematizares a respiração, tua saúde melhorará bastante.
Se conheceres os segredos do pranayama ou da respiração tua vida se tornará mais longa, terás mais saúde e viverás mais tempo. Ficarás mais forte mais cheio de energia, mais vitalidade, mais vivo ou jovem.
“O Tantra, contudo, não se preocupa com isso.
O Tantra não se preocupa em descrever a respiração como faz a ciência.
Em sistematizar a respiração como faz o yoga, mas, sim, preocupa-se com o uso da respiração, como interiorizá-la sem nada se propor.
O indivíduo não precisa praticar um estilo especial de respiração.
Tem de aceitar a respiração como ela vem.
Tem apenas de, ‘não ficar cônscio de’ (ou não raciocinar), mas sim tornar-se Consciência de alguns pontos da respiração.
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“Quando respiramos existem certos pontos especiais, mas não nos apercebemos deles. Estivemos respirando e continuaremos respirando; nascemos respirando e morreremos respirando. Mas alguns pontos da respiração nos escapam…
…Existem certos pontos da respiração que nunca ninguém jamais observou, e esses pontos são as PORTAS – as portas mais próximas de ti, por onde podes entrar num mundo diferente, num Ser diferente, numa Consciência diferente.
Esses pontos, infelizmente, são muito sutis. [Transcreverei, portanto, apenas um. Quem quiser conhecer os outros pontos, que leia o Livro dos Segredos, de Rajneesh].
“Agora vou abordar cada uma das técnicas:
‘Shiva respondeu: Ó Ser Radiante, está experiência pode surgir entre duas respirações. Depois de inspirar e um pouco antes de expirar – dá-se o benefício!…
…Amigo, fica atento entre esses dois pontos e observa o que acontece. Quando a respiração entrar, observe!
Por um único momento ou por um milésimo de momento, a respiração aí não existe – e isso antes de ela voltar, antes de ela sair.
O indivíduo inspira; existe então certo momento no qual o ar pára.
Depois, o ar sai. Quando o ar sai, novamente, por um único instante, ou uma parte de instante, a respiração pára. Depois o ar entra.
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“Antes de o ar entrar ou sair, existe um momentos no qual o homem não respira.
Nesse momento, o acontecimento é possível, porque, quando o homem não respira, ele não está no mundo.
Amigo, entende isto: quando tu não respiras, é como se estivesses Morto!
Sim, contudo ainda existes, e não estás morto.
O momento, entretanto, é de tão curta duração que jamais o observas ou dele de dás conta.
“Para o Tantra, cada expiração é uma morte e cada nova inspiração é um renascimento.
Inspirar é renascer; e expirar é morrer.
Desse modo, então, em cada respiração, estas morrendo e renascendo.
O intervalo entre os dois movimentos e curtíssimo, mas a observação aguçada e sincera, e a atenção perfeita vão te fazer sentir esse intervalo em que nem inspiras nem expiras.
Se puderes SENTIR tal intervalo – diz Shiva – dar-se-á o BENEFÍCIO!, e então nada mais é necessário. Estarás abençoado.
Tornar-te-ás SABER-e-SENTIR e INTUIR PLENOS, sim, a COISA ACONTECEU!"
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Repito que o Upanishads disse: O homem sacrifica seu alento na palavra e sua palavra no alento.
Quando uma pessoa fala, não respira e quando respira não pode falar. Tais são as duas oblações oferendas imortais e sem fim, [e que o “Divya” ou o Homem-Deus Primordial ou o “Isto-Sentir” pratica a favor do ego]. Quer estejamos dormindo, quer estejamos acordados, sacrificamos [a Verdade-SER] continuamente e sem interrupção.”

MAGIA E ESPIRITUALIDADE – 04) SIMILITUDES ALQUÍMICAS, RETIRADAS DO LIVRO INÉDITO “PRISÃO DO TEMPO

Para que o homem retorne à condição Incondicionada de o “Não-Nascido”, o “Não-Feito”, o “Não-Composto”, “O que não-vem-a-ser no tempo”, o Imortal, os Grandes Mestres sempre sugerem que ele recorra à Reta Sabedoria.
Ou senão, que tal homem faça uma higiene e simplificação mental, e que pratique as boas meditação, devoção do misticismo perfeito.
Esse autêntico Misticismo – e não mera mistificação religiosa – implica uma ascese que faz parte do Yoga, do Budismo, Zenbudismo, do Taoísmo, do Sufismo, do Cristianismo autêntico, (ou dos ensinos de Jesus) etc.
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Amigo, convém saber que a Reta Sabedoria nunca fez parte da ciência moderna, mas sim só de certas correntes filosóficas, como a Vedanta Advaitista, o Yoga, e até mesmo a Samkhya indianas. E também faz parte de uma Madhyamika e Vijñanavada ou sabedorias budistas e lamaístas, como faz inclusive parte do Taoísmo filosófico, do Zen epistemológico (“mondos” e “koans”), e também da Cabala órfica ou fonética (e não a Cabala numérica dos judeus).
Tal Saber faz parte do Tantra pré-hindu, do Gnosticismo antigo, do Neoplatonismo e, principalmente, da “ARS REGIA”. Em termos de ciência, quem sabe faça parte também do que há de melhor na Física Quântica Ondulatória e da Física Escalar.
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A ARS REGIA ou Arte Real ou Alquimia Verdadeira, desde tempos imemoriais vinha e vem sendo praticada por certos povos. E no Ocidente, principalmente na Idade Média, os “Templários”, os Rosacruzes autênticos também conheceram a Alquimia.
Já nessa época ela começou a ser foi desvirtuada pela ganância e pelos aventureiros mau caráter. Por outro lado, não é verdade que a boa Alquimia tenha originado a química moderna quantitativa, manipuladora e desvirtuadora do Real.
Lamentável é dizê-lo, mas a ciência moderna só exalta a intelecção, a pretensa impecabilidade quantitativa da lógica-razão, ignorando, porém, que essa a todo momento engana o homem.
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Sim, pois a lógica-razão, não conseguindo Vivenciar o Não-Nascido, o Não-Feito, o Não-Composto, o que-não-vem-a-ser, em suma o REAL, primeiro simplesmente esconde o Real. Em segundo lugar, apelando para a Lei da Geração Condicionada e para a Lei da Interdependência (em tópicos anteriores já vimos o que é isso), a lógica-razão, no lugar do REAL, coloca uma faz-de-conta que se bifurca e vira falso ente pensante ou ego-urgo e falsa coisa ou mundo pensado.
A partir daqui, a lógica-razão reconstrói todas as suas fantasmagorias, ou refaz o pretenso nascido, aquilo que parece ser feito ou forjado, o dado composto, o que vem-a-ser. Em suma, superpõe todas essas fantasmagorias ao REAL ou a uma Autonatureza subjacente
Em terceiro lugar, a lógica-razão, transformada em discurso fútil e em ladra de ações (ou em ato intencional) tenta fundamentar todas as suas intromissões e trapaças por meio da dialética
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Sim, amigo, por meio da reflexão correta, da concentração mental, da respiração perfeita, da contemplação serena e da meditação profunda, a ascese mística leva seu praticante a superar a falsa impressão-e-convicção de alma personificada e de corpo material só e sempre objetivado, propiciando a que o bom Entendimento do Buscador mergulhe numa condição verdadeira e absolutamente Real que os Mestres chamam Nirvana, Reino de Deus, Nirvikalpasamadhi, Tao etc.
A boa ascese mística e o criticismo filosófico são chamados o caminho seco, o caminho da mão direita. Neste caminho da mão direita se incluiriam os feitos ou as sagas dos heróis verdadeiros (ou seja, as ações puras dos “Viryas” ou heróis).
O Tantrismo, adotado tanto pelo Hinduísmo como pelo Taoísmo e Budismo, é chamado o caminho da mão esquerda. Aqui o despertar do “Não-Nascido”, do Não-Feito (ou do autêntico Ser subjetivo ou do Real) se dá por meio de uma prática sexual diferente, chamada Maithuna.
Na iniciação tântrica, indivíduos especiais (“Ele” e “Ela” Primevos) praticam: o coito mágico, sem que se dê a liberação do sêmen por parte do Homem. Embora em ereção, “Ele” permanece passivo e em profunda concentração meditativa. A parte ativa é “Ela”.
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A boa prática do “maithuna”, prática que não é para que qualquer homem a pratique, contribui para reativar uma vitalidade poderosa, oculta no Ser Vivo, chamada fogo serpentino (ou Kundalini ou Espírito Santo ou Ainsoph ou Prana-Shakti etc.).
Quando o fogo serpentino desperta no homem, simultaneamente reativam-se os sete chakras ou vórtices psicofísicos.
E a propósito amigo leitor, conforme já deixei evidente em meu livro Apocalipse Desmascarado, os pretensos sete dias da criação do Gênesis em verdade são apenas Manifestações Vitais desses sete vórtices ou chakras, com respectivas exteriorizações.
Tais dias do Gênesis nunca pretenderam dizer ou sugerir que a Criação Divina se fez em sete dias ou em sete etapas, a partir dos quais depois saltou fora o mundo e o homem, e muito mais tarde a mentirosa teoria da evolução das espécies.
Esse “sete dias”, Aqui e Agora, sugerem apenas uma Manifestação Divina em renovação, que surge a partir dos tais sete vórtices ou chakras “do corpo celestial do Pai-Mãe Primevo” (ou também “Céu”, Hur-Maha, Osíris-Isis etc.).
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Levando em conta essa Manifestação Divina em Renovação, nunca houve uma criação propriamente dita no tempo e no espaço, ou num receptáculo espaço-temporal pré-existente. Há, portanto, uma Manifestação, Aqui e Agora.
E a respeito do Maithuna ou sexo sagrado, quando se dá essa conjunção corporal diferente, do “Ele”-Anima com “Ela”-Animus, a “Anima” n’Ele é quem “engravida”.
A “Anima” n’Ele então se transmuta no “Rebis” ou no Filho do Céu, no Filho do Homem, e que é exatamente o Ser Verdadeiro ou o “Não-Nascido”.
Aí também se reabre o terceiro olho, a visão interior e o Reino de Deus, a Autonatureza nem interna nem externa volta prevalecer.
A dupla objetividade macho e fêmea desaparece e cede lugar à Imortalidade renovada do “Andrógino”, do Não-Nascido. (Diz o “Gênesis”: “Os Eloin Macho e fêmea o Fizeram, ou Se Fez”. Os Eloins não criaram o homem e a mulher separados. Quem recriou o homem e a mulher separados foi Jeová, aparentemente).
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No caso de um eventual Maithuna, da condição decaída e quase animal, os falsos corpos e almas objetivados cedem lugar ao “Não-Feito”, ao “Não-Nascido” e que é exatamente esse “EU-ELE” ou o Rébis ou o Filho do Homem, Filho do Céu.
Quando o Maithuna é mal praticado por magos negros, por simples aventureis eróticos e maus religiosos, existe o perigo de que no lugar do Filho do Homem surjam seres anômalos tipo “Kundiguador” (que é um ser deformado e que a atividade Kundalínica gera, cujo melhor exemplo é o cruel Bafomet do ocultismo da Maçonaria etc.).
Esse, feito um diabo, se apresenta com chifres na cabeça, cara de bode, asas abertas tipo pássaro, seios de mulher, nádegas pela frente e duplo sexo ou androginia por trás, pernas e patas de bode.
Como figuras mais amenizadas desse “Kundiguador” temos os faunos da Mitologia grega, tocando flauta e sempre excitados atrás de ninfas, com cauda, chifres, patas e cascos de bode. A igreja católica transformou tudo isso em diabos, demônios, quando em verdade são apenas seres humanos que se degeneraram pela prática de um sexualismo mágico inconveniente.
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Ademais, meu caro amigo, é bom que saibas que a Alquimia ou a “ARS REGIA” encerra três etapas mágicas em sua maneira de se desdobrar e de ser. E estas três etapas são chamadas “nigredo” ou Operação Negra, “albedo” ou Operação Branca e “rubedo” ou Operação Vermelha
Tais operações ou etapas são modos de AGIR especialíssimos que os Sábios, os bravos (heróis) e os Alquimistas verdadeiros conheciam e conhecem bem.
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“Nigredo” ou fase negra é quando “Algo” de “EU-ELE” (ou Algo do Não-Nascido) aparentemente decai e fica prisioneiro das “trevas exteriores”, elaboradas tanto pelo Demiurgo (ou falso Deus-pessoa, deus externo) como pelo urgo ou ego-pensamento.
Na fase Nigredo, “Algo” do ABSOLUTO (do Não-Feito) parece, então, ficar preso a objetividade, que é o nosso falso mundo cotidiano, próprio da causalidade, da casualidade e de toda necessidade.
Quando o Filho Pródigo se mistura com as “filhas nascidas da Terra, nascidas de Gaia”, e se mistura com os “robôs” do Demiurgo introduzidos na Terra, esse “Eu-Ele” (ou seu reflexo) se degrada ainda mais e involui. Estas filhas e robôs equivaleriam também a reconstruções estáticas e permanentes do pensamento humano.
Mas podem inclusive ser vistas como correspondendo à falsa alma (“filha da terra” ou Evas exteriorizadas) e ao falso corpo físico (robôs).
Filhos ou filhas da terra também seriam aquilo que a própria Gaia, Terra geraria espontaneamente a partir de si mesma, graças ao humus, umidade, forças telúricas etc.
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Não aceitando uma involução real propriamente dita, e sim aparente, a etapa “nigredo” ou Operação Negra também inclui em si mesma a dissolução alquímica. E esta corresponde a dissolução da personalidade egóica ou egotista do herói-oficiante. Este último tanto pode ser um herói legítimo como um alquimista.
A dissolução alquímica é um começo de ESCAPE, de fuga deste mundo de mentiras e lágrimas, e também de morte.
E a propósito, amigo, a palavra “Egito”, que o livro “Êxodo” atribuído a Moisés registra, e que está incluído no Pentateuco ou Torá, quer dizer apenas nigredo. O Egito é pois a "Terra Negra”. A Operação Negra, traduz-se pois como uma queda e dissolução.
Na etapa nigredo, simples “reflexos” do verdadeiro “EU-ELE” arriscam uma morte mágica ou um desaparecimento no Caos objetivado (ou no nosso mundo).
Em verdade, esses “reflexos do “EU-ELE” ou heróis tentam salvar e arrebatar alguns justos que se extraviaram nesse mundo exterior.
Quando a fase nigredo ou Operação Negra termina, aquele “deus” que voluntariamente havia caído nas trevas, transformando-se em “herói, torna-se um brâmane ou um nascido-duas-vezes, ou ainda torna-se um ariano de verdade (“Arya”). Nesta fase, ele continuará sua marcha de retorno ou sua marcha levógira, seu caminhar contrário aos ponteiros do relógio.
Cumprida a etapa nigredo, o Rei Mago Negro (ou um dos três alegóricos reis magos ligados ao nascimento de Jesus) entrega seu presente à criança recém nascida, ao Cristo Verdadeiro, e que também é aquele que renasceu ou nasceu duas vezes.
(“Em verdade vos digo que se não vos tornardes simples como meninos, não entrareis no Reino de Deus!”, alertava Jesus Cristo).
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A fase seguinte Operação Branca ou a etapa “albedo” é um processo alquímico de transformação e transmutação. O herói-oficiante, um alquimista ou mesmo um bravo, na fase branca purifica seu sangue e transforma-se em Homem-Branco. É aqui que começa a peregrinação, o êxodo, a verdadeira evolução ou o retorno às origens.
No Deserto da Vida exteriorizada, o herói alquímico deverá extrair a Água Viva da Pedra, graças a recuperação do Vril ou Terceiro Olho, Vril que também corresponde ao bastão que Moisés levantou no deserto, ou corresponde à espada do alquimista.
Essa também é a “Excalibur”, a espada mágica do Cavaleiro da Fé.
Nesta etapa é o Rei Mago Branco quem entrega seu presente à criança renascida ou ao Cristo Verdadeiro.
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Depois dessas duas fases, passa a prevalecer a etapa “rubedo” ou a Operação Vermelha. Esta é o último estágio da “ARS REGIA” e equivale à Ressurreição Definitiva do Corpo Imortal “EU-ELE”, agora visto como um Todo, visto como fogo vermelho, também conhecido como o corpo de Vãjra (= corpo de fogo).
A etapa rubedo está simbolizada pela “travessia do Mar Vermelho e pela chegada à Terra Prometida’, descritas no “Antigo Testamento”. (Travessia = Peschah = Páscoa).
Nesta fase, “EU-ELE” se reveste de uma energia imortal, incorruptível, “de uma natureza dura como um diamante e vermelha como o rubi”, daí isso, em sânscrito, ser chamado corpo de Vãjra.
Na fase nigredo a criança-homem renasce, na fase albedo cresce e peregrina e na fase rubedo, o “Rébis” ou o nascido duas vezes alcança a condição adulta, a modo de dizer, ou torna-se um totalmente Realizado.
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Em sua obra “La Resurreccion del Heroe”, do notável escritor e pensador chileno, Miguel Serrano, encontra-se a seguinte e oportuníssima passagem:
“A criança que havia nascido como embrião, na fase Nigredo, e que cresceu na fase Albedo, alcança a Vida Eterna ou Adulta na Operação Vermelha ou fase Rubedo.
Nas gravuras da obra Rosarium Philosophorum, uma criança minúscula ascende do Banho do Rei e da Rainha, ou do banho dos amantes (Maithuna). Tal pequena criatura equivale ao corpo astral verdadeiro, que é o Rébis (ou res-bina, Natureza dupla), ou ainda é o Umúnculo que está nascendo.
Na operação final (rubedo), tal Rébis transforma-se no próprio Rei-e-Rainha com um corpo único. Rébis é pois o Andrógino Coroado, o Homem-Total, ou é o ‘ELE-ELA’ Ressurgido, o Absoluto em Manifestação.
É também o Alquimista Realizado, com sua alma gêmea, sua Irmã-Auxiliar unida a ele. É o Herói com sua espada excalibur e sua Deusa.
Na etapa rubedo, o Rei Mago vermelho entrega agora seu presente ao Herói ressuscitado, que é o corpo Vãjra de matéria incorruptível.
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Na Operação Vermelha (rubedo) ‘EU-ELE’ ressuscita com o corpo e tudo o mais. No seu ataúde ou tumba não se encontrará pois nada nem ninguém, salvo uma espada.
O brâmane verdadeiro, nascido duas vezes, ou renascido, ressuscita com seu corpo imortal, indestrutível, de cor vermelha. Quando tal fase passa a prevalecer, costuma-se dizer que o Mestre e Herói é levado ao Céu num carro de fogo, como deve ter acontecido com os profetas Enoch e Elias.
O Mestre e Herói ascende em direção à sua ‘Flor Inexistente’ (Flor não-objetivada e que é exatamente o Não-Feito), num Carro envolto em chamas, em suma num Vimana (ou num Disco Voador).
Agora ELE-EU é um Vimana, ou transformou-se num ASTRO."
Esse e o motivo, digo eu, autor do livro Prisão do Tempo, do por que os sacerdotes brahmanistas, totalmente esquecidos da Verdade Imortal, praticavam aquele ritual que antes citamos, o de forjar algo que sobrevivesse no espaço e no tempo, e isso correspondia a um verdadeiro arremedo da ARS REGIA.
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Eles, os brâmanes decaídos tentavam, assim, forjar uma alma pensada para si ou para os crentes que a solicitavam, e tinham que obsequiar a oferenda correta para o ritual.
E é por esse motivo, também, que os arianos da Índia sempre queimam seus mortos, tentando se aproximar de uma extraordinária possibilidade perdida: ou seja, Dissolver a matéria corruptível num fogo interior, na magia alquímica da transmutação.
Só que no caso do sacerdote antigo e seu ritual, nem a verdadeira Alma ou Espírito ressurge, nem tampouco na cremação algo verdadeiro resta do cadáver. Nessa pira funerária só há cinzas. Nesses rituais comuns, pálidos reflexos e desvirtuamentos da ARS REGIA, nenhum Espírito verdadeiro está presente e nenhum corpo vermelho imortal [Vãjra] ressuscita… Fica-se apenas com o ritual vazio do antes, durante e do depois, que e o TEMPO)”…